quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Eles foram.


       Tinham decidido partir nesta nova aventura, sem saberem que seria uma aventura, poucos minutos após o nascer do sol. Naquela manhã ela estava deprimida, incomum nela, não sabia o que a incomodava. Tinha 32 anos, bem vividos, sempre de sorriso na cara, uns dias mais que outros. Ele com 27, jovem pouco aventureiro, sempre fora pacato e silencioso. 
      
 Contrastavam.

       Naquela manha ele perguntou-lhe: vamos embora? Sem pensar duas vezes ela respondeu-lhe: sim. Apontou para o mapa e lá foram rumo a Laos.
       Foi a primeira vez dele. Nela já era hábito. Talvez por isso ele tenha feito a pergunta. Sabia que ela não ia dizer que não.O desconforto do quotidiano vinha há muito tempo a apoderar-se do corpo dele. Trabalho pouco estimulante, comida sempre do mesmo sabor. Uma vida sem cheiro. A única cor que lhe restava era ela.
      Ela, bonita. Sempre com espirito jovem. Viajava sempre que podia, de preferência sozinha ou com uma única companhia. Não gostava de confusão. Nunca gostou. Talvez desprendida mas demasiado mimada para se notar. Mudava sempre que podia de trabalho. Trabalhava sete meses, viajava cinco. Há seis anos que fazia isto. Nunca parava. Ele era o seu porto seguro. O lar.
     Foram cinco dias. Três de viagem, dois para se instalarem.
     No meio da rua ele agarrou-lhe a mão, encostou-a contra o peito e disse-lhe ao ouvido:
     Deixamos tudo?
     Ela sorriu e entregou-lhe: temos tudo o que precisamos.

Tudo o resto deixara de fazer sentido.

Em Agosto de 2012 encontrei-os em Londres, foi a primeira vez que saíram de Laos.

"Conhecemos o John em Laos, procurava o amor da sua vida, encontrou-a aqui em Londres. Casam daqui a dois dias. Foi isto que nos fez vir cá, o amor"

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