domingo, 28 de abril de 2013

Friendly tea


"Iam as duas lado a lado. De vez em quando, o ombro de uma ia de encontro ao da outra. 



- Calada?
- Não, em silêncio.
Continuaram a andar. 
- Café?
- Não, chá.



Sentadas numa esplanada em noite fria, tomaram então um chá.
Uma delas rodava a chávena delicada no pires como se a quisesse fazer dançar. A outra aquecia as mãos geladas na chávena. Ao mesmo tempo, ambas olharam para os novelos de fumo que se desprendiam do liquido quente e gargalharam ao verem os mesmos a tomar formas e feitios. E de repente uma delas deixou de rir. Lembrou-se de uma frase tirada de um filme.

- Já tiveste alguém que fizesse esquecer o teu passado?
- Não.
- Não?
- Não, porque com esse alguém o meu presente consegue sempre ser pior do que o meu passado.

E dito isto, continuaram a ver formas e feitios no fumo do chá, continuando a gargalhar.
Afinal, o que poderia haver melhor do que uma boa companhia e um chá?"
                                                                                                                          Paula dos Santos



segunda-feira, 15 de abril de 2013

Não queiras saber de mim

Não queiras saber de mim
Esta noite não estou cá
Quando a tristeza bate
Pior do que eu não há
Fico fora de combate
Como se chegasse ao fim
Fico abaixo do tapete
Afundado no serrim

Não queiras saber de mim
Porque eu estou que não me entendo
Dança tu que eu fico assim
Hoje não me recomendo

Mas tu pões esse vestido
E voas até ao topo
E fumas do meu cigarro
E bebes do meu copo
Mas nem isso faz sentido
Só agrava o meu estado
Quanto mais brilha a tua luz
Mais eu fico apagado

Dança tu que eu fico assim
Porque eu estou que não me entendo
Não queiras saber de mim
Hoje não me recomendo

Amanhã eu sei já passa
Mas agora estou assim
Hoje perdi toda a graça
Não queiras saber de mim
Carlos Tê e Rui Veloso